A GERÊNCIA DO ESTADO
Ivonei Lorenzi*
A função do estado deve ser promover o desenvolvimento social e defender os interesses nacionais. Donald Trump está barrando tentativas de empresas chinesas adquirirem empresas estadunidenses, impondo taxações, tudo em nome dos interesses dos EUA. Macron, na França, novo bom moço do liberalismo social, estatizou o grande estaleiro naval de Saint-Nazaire para impedir que o controle da empresa passe para grupos italianos ou chineses.
A ideia de não intromissão do estado na economia é contada para os países do terceiro mundo, para que grandes nações como o Brasil não se desenvolvam e não tenham influência nem poder de barganha no jogo geopolítico. Grandes potências como Rússia e China utilizam os pesos da balança do poder pela esquerda, que tem na sua base a defesa dos interesses nacionais, sendo este um dos pilares de estado que necessita o Brasil, ou seja, que adote um plano de diretrizes que defenda efetivamente os interesses da nação, colocando-nos como protagonistas no cenário mundial, capitaneados por um modelo de governo gerido por todos segmentos da sociedade que trabalham e produzem.
Porém o estado brasileiro não é gerenciado dessa maneira, mesmo em épocas de governos mais progressistas. O estado no Brasil é gerenciado por um grupo seleto de grandes empresários e latifundiários, sem um ideal nacional. São verdadeiros vassalos dos bancos, e que agora ganham o reforço dos setores mais fundamentalistas das igrejas evangélicas. Esse grupo se manifesta no congresso e no senado federal ditando as regras do jogo político, com o poder de derrubar aqueles que não conseguem ser bons jogadores, como aconteceu com os presidentes afastados, Collor (1992) e Dilma (2016).
Outros setores da sociedade como os sindicalistas e militantes de partidos progressistas, que deveriam fazer o enfrentamento a esse grupo, acabam não tendo forças na disputa de poder com eles e muitas vezes são contaminados pelos vícios da política.
Professores que deveriam estar em grande número nas casas parlamentares acabam sucumbindo devido aos problemas básicos da educação, que incluem desde a falta de recursos até os baixos salários. Ainda, por conta do desgaste de anos ocasionado por sucessivos abusos de ordem governamental, que os penaliza brutalmente com a indiferença, nutrem um sentimento de repulsa à política.
Intelectuais que poderiam contribuir com um debate mais embasado preferem muitas vezes o conforto dos gabinetes das universidades do que a disputa política. Os microempresários, que representam uma parcela significativa da economia brasileira, e que são estratégicos para o desenvolvimento da indústria nacional, advogam em favor dos grandes empresários como se tivessem neles seus representantes legítimos.
As promessas de menos impostos e burocracia acabam sendo utilizadas apenas como propaganda política, elegendo candidatos oportunistas, enquanto empresas de maior porte como o grupo Gerdau desfrutam de generosas isenções fiscais.
Diante da atual conjuntura política torna-se necessário um projeto que contemple os trabalhadores, sindicalizados ou não; os professores; os intelectuais; os trabalhadores da educação; incluindo também os segmentos mais avançados do empresariado nacional no atual contexto político.
Devemos combater essa onda da negação da política e debater com a base a necessidade de participar da vida política da sociedade. Alberto Pasqualini defendia que o estado devia ser o indutor do desenvolvimento, garantido a manutenção dos direitos trabalhistas e apoiando o desenvolvimento de nossas empresas.
Os parlamentos devem ter equilíbrio de forças. A luta de interesses sempre vai existir, e assim se faz necessário que ambos os lados tenham o mesmo poder de barganha. O povo também deve governar conjuntamente, sabendo escolher seus representantes de acordo com um ideal político-econômico, podendo demonstrar suas escolhas através de plebiscitos. Mas para poder saber bem a quem escolher, e assim garantir os compromissos firmados com a sociedade, sem que se torne vitima de qualquer quiproquó, deve haver uma educação de qualidade, que ceda espaço ao debate político, proporcionando aos educandos estudos sobre as mais variadas vertentes políticas, de modo que, possa decidir com consciência por aquela que melhor representa seus anseios como cidadão.
Os que gerenciarão o estado devem ter critérios muito claros, tanto no que se refere ao fiel cumprimento das leis, como também, no tocante aos atos executivos, priorizando sempre o interesse público e respeitando as liberdades individuais.
Grupos sociais e políticos atrelados aos interesses internacionais devem ser excluídos sumariamente, pois seus interesses colidem com a pauta da democracia e do bem estar social, colocando em risco a soberania nacional, quando subjugam uma população inteira para locupletar-se.
*Acadêmico de História. Caxias do Sul.
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