TRABALHISMO, AMADO E ODIADO.
Ivonei Lorenzi*
O trabalhismo, historicamente, foi
amado e odiado no Brasil, do comunismo ao conservadorismo temos
nossos haters e nossos simpatizantes.
Jango, Getúlio Vargas e Brizola
não ficam apenas consagrados como os mais importantes políticos
trabalhistas brasileiros, mas como os mais importantes políticos
brasileiros.
O Golpe Militar de 1964 e o
surgimento de uma nova força política progressista, o Partido dos
Trabalhadores, nos anos 80 dividiram a força do trabalhismo na
disputa política, mas não conseguiram atingir o seu ideal que
permanece vivo junto com a memória de Brizola e de Getúlio Vargas.
O Trabalhismo prossegue sendo perseguido e admirado. Políticos do
PSOL ao DEM citam Brizola na hora do debate sobre educação, mas
também somos alvo de críticas, tando de setores da direita como da
esquerda. Pela direita a crítica é que somos populistas, que nossos
ideais econômicos irão atrapalhar o desenvolvimento econômico, que
somos comunistas disfarçados. Já pela esquerda, que somos
direitistas fantasiados de progressistas, que nos alinhamos com o
capitalismo, que Jango é um latifundiário e Getúlio Vargas um
fascista.
Jango mesmo com sua origem olhou
para o bem estar da nação tentando uma Política Independente
Externa (PEI) em plena Guerra Fria. Já a acusação que paira sobre
Getúlio Vargas é a de ser um fascista, consistindo num erro
anacrônico, com base numa análise perfunctória, tanto que, em
1937, quando ainda não tínhamos os campos e concentração
nazistas, Adolf Hitler ainda não era visto como um tirano. Vargas
apenas usou de sua habilidade política em prol dos interesses da
nação.
O trabalhismo também apresenta
outros dois grandes quadros, os doutrinadores políticos: Alberto
Pasqualini, advogado, professor, sociólogo, com sua defesa por um
mundo mais harmonioso, inspirado na doutrina socialcristã; e Darcy
Ribeiro, um sociólogo, professor e antropólogo, apaixonado pelo
povo brasileiro, quem melhor analisou as raízes dos nossos
problemas.
Outro fator importante para analise
sobre esse ódio e amor pelo trabalhismo é a postura dos militantes
trabalhistas. O trabalhista “raiz” geralmente é uma pessoa que
consegue estabelecer uma harmonia entre o erudito e o popular, e se
expõe ao debate com o povo sem vícios academicistas, ou uma pessoa
que, independentemente de sua formação, pode ter muito conhecimento
sobre política e vivência nos segmentos de base .
Marxistas e liberais geralmente
encontram dois grandes obstáculos bastante conhecidos no Brasil: a
baixa formação da população, que não lhes permite fazer
compreender o que querem apresentar; e a nociva distorção dos fatos
inoculada pela grande mídia.
Um trabalhista não deve ser adepto
dos discursos fáceis, como vereadores politiqueiros, profissionais
de partidos de centro, nem tampouco, fazer discursos demagógicos
sobre moralidade na política para o operariado urbano como faziam
Adhemar de Barros e Janio Quadros, ou sobre insegurança pública
como faz o candidato elitista Jair Bolsonaro.
No campo político os trabalhistas
tem uma facilidade de debater com as mais variadas correntes
políticas. Getúlio Vargas era um mestre da arte da persuasão
conseguindo manter o Brasil neutro durante uma parte da Segunda
Guerra Mundial.
Brizola em 1958 se aliou com o PRP
de Plínio Salgado para conseguir apoio político das regiões de
colonização germânica, e fez um dos governos mais progressistas
consagrados do Brasil.
Na atualidade o trabalhismo é
representado partidariamente pelo PDT – Partido Democrático
Trabalhista, um partido que tem se inserido vários segmentos e se
habilitado como base em vários governos, conseguindo transitar
dentro da diversidade ideológica através dessa habilidade política.
Contudo assume o risco da perda de
credibilidade por abrigar um setor viciado pelas políticas
carguistas, dissociadas das diretrizes norteadoras e da doutrina que
pauta o trabalhismo.
A imagem de Brizola atrai
oportunistas para o partido que usam dessa memória do povo sobre
Leonel Brizola como propaganda política, mas que na prática assume
as posições mais reacionárias e politiqueiras, comuns nos partidos
do chamado “centrão”, que na realidade nada mais é do que um
instrumento de sustentação das ideias de direita.
Esses trabalhistas “Nutellas”
hão de ser punidos pela história por seguir o rumo proselitista do
discurso da “antipolítica” que acaba se voltando contra eles
como um bumerangue.
Os trabalhistas “raiz” se
mantém fieis aos seus ideais e princípios, sem renegar a política
partidária e sem se pautar pelo discurso despolitizado do combate à
corrupção para agradar o povo em geral. Com uma postura
diferenciada passam a ser respeitados no meio político até por quem
se opõe ao seu segmento político.
Mantendo sua constância na luta
pela ruptura do atual sistema que nos mantém reféns do capital
internacional e das grandes corporações, os trabalhistas “raiz”`
trilham um caminho que busca um Brasil livre, soberano, e
desenvolvido, tanto economicamente como socialmente. Alcançando
êxito em nossas propostas teremos notoriedade para merecer citação
pelos demais povos, de modo especial, os latino americanos. Já, os
trabalhistas “Nutellas” que usam do PDT para seus próprios
interesses e de outros grupos, punidos pela historia, haverão de ser
jogados no limbo da política.
*Acadêmico de História. Caxias do
Sul
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