Nós Tentamos
Por Potter Lorenzi e Nei Rech*.
Há um ano tentávamos uma saída pela terceira via para presidência do Brasil e para a construção de um modelo de estado gerido por quem trabalha e produz, e não apenas por banqueiros. Com Ciro Gomes no comando debatíamos nos bairros, nas escolas, nas empresas e nas praças o ideal trabalhista.
Não tínhamos uma grande estrutura financeira e muitas vezes nos faltava até material para panfletar. Nas redes sociais, em que pese a grande mobilização de apoiadores e da pagina “Times Ciro Gomes”, não tínhamos uma estrutura organizada como o petismo e o bolsonarismo, e nem um exército de robôs para espalhar fake news e disparos de WhatsApp em grupos de família. Nosso tempo de televisão era menos de 30 segundos, o que mal nos permitia apresentar nossos projetos. O Bolsonaro tinha menos tempo de televisão porém contava com todo uma estrutura nas redes sociais e o senso comum ao seu lado, obra de extrusão cerebral da poderosa e corrupta mídia que assola o país desde longa data.
Fomos criticados pela esquerda, fomos criticados pela direita, fomos incompreendidos por uma população desesperada e despreparada que se rendeu a mais um “salvador da pátria”, e sofremos inúmeros ataques dos velhos inimigos do trabalhismo. Dentre todas as adversidades, a pior delas, sem sombra de dúvidas, foi a traição de falsos trabalhistas que apoiaram o candidato Bolsonaro. Alguns deixaram cair a máscara, e outros surfaram nas ondas do oportunismo eleitoral, comportamento que não se coaduna com o que se entende por ética partidária dentro do PDT. O que torna essa traição ainda mais grave é o fato do então candidato, Jair Bolsonaro, encontrar seu maior antagonismo no Governo trabalhista de Vargas.
Mesmo com todos os ataques, somados às dificuldades, fomos à 'peleia', como dizem os gaúchos, e matamos no peito pautas como a defesa dos direitos dos trabalhadores e uma real soberania nacional. Com a mesma coragem que nos apresentamos no passado como uma saída para a bipolaridade da Guerra Fria, apresentamos outra saída para o cenário do Brasil presente.
Pagamos pelos erros da esquerda partidária tradicional e fomos acusados de atitudes que não condizem com nossas práticas, como pautas indenitárias liberais e a falta de autocrítica. Não existe partido perfeito, mas no PDT existe a autocrítica e uma forma mais democrática de organização. Fomos taxados de comunistas e marxistas, quando ficou evidente a falta de conhecimento sobre ideologia das pessoas que integram o senso comum.
No memorável dia que antecedeu a votação do primeiro turno das eleições presidenciais, em Caxias do Sul, enquanto as candidaturas do PT, do MDB, e do Bolsonaro desfilavam com seus numerosos grupos de apoiadores, e também com um volume infindável de material para panfletar, membros da Juventude Socialista, dispondo apenas de uma caixa com material e panfletos para distribuir, desbravaram a cidade levando a nossa campanha na raça e na garra.
Ciro Gomes termina o sufrágio eleitoral com 13 milhões de votos, na terceira colocação. Um grande feito por tudo que se sucedeu, e contrariando o que se esperava, Ciro Gomes segue no debate político como grande liderança do PDT, e com a chama do trabalhismo que se manteve acesa. Aos trancos e barrancos, com traições e demais problemas, seguimos em frente, assistindo as trapalhadas de um governo despreparado e trapaceiro, que vendeu uma falsa imagem de novidade. Diante de tal cenário o trabalhismo novamente se mostra como a saída sensata para os problemas políticos do Brasil. Não queiramos estar no lugar dos vencedores...
* Movimento Trabalhismo 21 - Caxias do Sul.
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