Além do Voto

 Por Ivonei Lorenzi (Potter)* 


Discordo do nosso líder Alceu Collares, quando diz que o voto é nossa única arma. O voto é uma arma importante que deve ser muito bem manejada nas eleições, principalmente no legislativo, mas está longe de ser o único fator de mudança social. Movimentos sociais, sindicais, a sociedade civil organizada e o cidadão individualmente podem ser uma poderosa arma para a mudança social também.

O Chile demostrou isso na prática recentemente, quando manifestações de rua que começaram um ano atrás, resultaram na aprovação do plebiscito de uma nova constituinte, derrubando uma constituição oriunda da ditadura de Pinochet que colocava em segundo plano a participação do estado na saúde e na educação junto com um sistema privado e explorador da previdência. Na Europa o povo está seguidamente nas ruas de cidades como Madri, Milão e Atenas, lutando por seus direitos.

No Brasil, diferente do que o senso comum aponta, tivemos um histórico de lutas sociais e rebeliões desde abolição, passando pela Revolução de 30, “Diretas Já”, e mais recentemente nas manifestações de 2013. Porém a maior parte da população não tem o costume de uma participação mais ativa na vida política, restringindo-se à condição de mero telespectador, enquanto as categorias organizadas de trabalhadores se apresentam, na maior parte das vezes, desmobilizadas. A população em geral tenta arremessar no colo de terceiros sua participação na vida política e social, tanto em sua comunidade como no âmbito nacional, atribuindo aos políticos esta tarefa, muitas vezes em troca de favores pessoais.

Sindicatos e demais movimentos sociais foram cooptados nos governos petistas, o que deslegitimou sua importante função social como meio de transformação da nossa sociedade, aquisição e ampliação de direitos.

No atual governo terraplanista, de Jair Bolsonaro, o mesmo erro é cometido. Todo e qualquer indivíduo que tenta criticar o governo, pela direita, é criticado, e sumariamente taxado de inimigo comunista.

Apenas o povo organizado e bem instruído, nas ruas, cobrando seus direitos gera uma real transformação na sociedade, com expectativa de uma mudança efetiva. É preciso também que haja a participação dos sindicatos, movimentos sociais e associações independentes.

A participação política de todos, associada ao poder de voto, são as grandes armas. Importa que as usemos da maneira correta.


* servidor publico e filiado ao PDT




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