A Política da Antipolítica
Ivonei Lorenzi (Potter)*
Na última década o desgaste dos partidos, dos movimentos, das instituições e da democracia liberal gerou uma verdadeira onda de negação da política tradicional e um desejo, justíssimo, de uma nova forma de fazer política. Muitos grupos surgiram nos últimos tempos se apresentando como representantes da nova política com a proposta de salvar o cidadão comum, a iniciativa privada, e as instituições, dos maus políticos e do establishment.
Nesta sequência,
cada vez mais a política foi tomando espaço do futebol nas
discussões de bar e na hora da janta, com mais indivíduos utilizando
as redes sociais (Facebook, Twiiter e WhatsApp)
para fazer críticas aos políticos, organizar manifestações e
também "cancelar" ou perseguir pessoas. Pelas redes
sociais surgem grupos políticos organizados como o MBL, com o
impulsionamento de fakenews, promovendo a vitória de
políticos "novos" nas eleições de 2016 e 2018, a exemplo
de Jair Bolsonaro.
Esses grupos,
movidos pelas velhas críticas superficiais à corrupção, combate
aos inimigos da nação e os velhos discursos da Guerra Fria (ameaça
comunista), surgiram despertando o interesse de muitos para a
política. Dentre eles, estão aquelas pessoas que nunca tiveram
iniciação na política, e viram uma brecha nesse momento para
chegar ao poder, a exemplo do jornalista Bibo Nunes eleito deputado
federal pelo Rio Grande do Sul através da onda bolsonarista. Bibo
Nunes é um deputado com baixo desempenho e muito fraco no debate
político. Diz ser contra a velha política, mas pediu devolução do
dinheiro usado numa pizzaria, assim se aproveitando das regalias do
mundo político.
Outros outsiders
foram eleitos com o discurso de renovação, mas se utilizam de
velhas práticas em suas atuações, e aos poucos já estão entrando
nas engrenagens da política tradicional, compensando fracassos nas
suas vidas pessoais e profissionais através de suas inserções no
meio politico.
Além dos
outsiders, vemos que velhos partidos e velhos políticos estão se
utilizando dessa onda do momento para tentar continuar vivos no
cenário político atual, mantendo seus mandatos ou se perpetuando em
cargos de comissão.
Mesmo com as
experiências trágicas de Jânio Quadros e Collor de Mello o povo
segue caindo nesse “conto do vigário” da nova política e dos
“salvadores da pátria”. A justíssima pauta da corrupção é
sempre o norte desses movimentos e políticos que no fim das contas
acabam mostrando a flacidez de suas argumentações e não obstante
emergindo a associação de seus nomes a graves acusações como no
caso do Senador Flávio Bolsonaro e seu esquema de “rachadinhas”
com o governador Witzel, afastado do governo do Rio de Janeiro por
corrupção.
O mundo da
política oferece benesses das quais os reles mortais não desfrutam.
Essa onda de negação da política também revela o interesse
contumaz de ludibriar os trabalhadores colocando-os ao lado de seus
algozes, promovendo o distanciamento de sindicatos e de partidos
progressistas, para lhes impor sua agenda anti-desenvolvimentista.
* Acadêmico de História. Caxias do Sul.
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