OS "INVENTORES" DO BOLSONARISMO
Durante anos, programas de televisão deram grande espaço para Jair Bolsonaro. Esse amplo espaço nos programas, em vários dias da semana e horários, foi determinante para a construção da imagem de Bolsonaro a nível nacional e a inseri-lo no debate público.
Programas como Superpop da RedeTV, Custe o Que Custar (CQC) da Band, e Pânico na TV, primeiro transmitido pela RedeTV e depois pela Band, foram cumplices de Bolsonaro nas eleições de 2018. Apesar de ter pouco tempo de propaganda eleitoral naquele ano, Bolsonaro já era muito conhecido por suas participações "polêmicas" em conversas no Superpop de Luciana Gimenez e em entrevistas no CQC, apresentado por Marcelo Tas. O programa Pânico na TV foi ainda mais longe, ajudou a criar a imagem de Bolsonaro como "mito". Esses programas, ao tratar pautas sérias (como racismo, homofobia e todo tipo de preconceito) como "entretenimento" e "questão de opinião", deram a uma multidão a "legitimidade" para vomitar seus preconceitos - o argumento é que "todos tem direito a opinião"; ou "não sou preconceituoso, é apenas minha opinião".
Bolsonaro em 2018 não precisava de poucos minutos no horário eleitoral gratuito, afinal ele teve horas disponíveis nesses programas.
A Globo, que agora se comporta como uma tímida oposição a Bolsonaro (mas não ao neoliberalismo de Paulo Guedes), também é responsável pela ascensão do bolsonarismo. Apesar de não dar grandes espaços ao então esdrúxulo deputado, a Globo participou criando e divulgando Sergio Moro. Dedicou horas e horas de seus principais jornais, como o Jornal Nacional e o Fantástico, em matérias falando sobre a operação Lava Jato e a "épica luta" do juiz Sérgio Moro contra a corrupção. O lava-jatismo da Globo foi um dos pilares do bolsonarismo, não a toa o ex-juiz foi ministro do governo Bolsonaro. Hoje sabemos das falcatruas e irregularidades nos processos da Lava Jato, mas a Globo sequer deu o mesmo espaço em seus jornais diários para a verdadeira versão - preferiu ficar com sua narrativa de "combate a corrupção", mesmo que seus combatentes também sejam corruptos.
Se hoje o Brasil está um caos, com desemprego em massa, com a morte de milhares devido a pandemia e a ineficácia do governo federal em combate-la, é porque programas como Superpor, CQC, Pânico na TV, Jornal Nacional e Fantástico deram as condições para Bolsonaro chegar ao poder.
Como disse certa vez o sociólogo Jessé Souza: "Bolsonaro é filho do casamento entre a Lava Jato e a Rede Globo". Podemos acrescentar que ao longo desse casamento desse houve o "namoro apaixonado" com a RedeTV e Band.
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