Um Manifesto Anti-Coaching

Ivonei Lorenzi(Potter)*

Nei Rech**


Nos últimos anos, com o avanço de um pensamento neoliberal no Brasil, a falsa ideia que as todas as pessoas podem melhorar de vida apenas com esforço próprio tem sido vendida com intensidade cada vez maior. Sendo implementado através de palestras, o coaching tem se tornado um fenômeno nos tempos atuais, convencendo as pessoas de que elas podem conseguir o que desejam apenas com esforços próprio por serem “donos” dos seus destinos e de suas próprias vidas. Grupos políticos como MBL, NOVO e os empresários mal intencionados como Luciano Hang, o famigerado “Véio da Havan”, também tentam vender à população essa ideia de “faça por si mesmo”.

O Brasil é uma rica nação desigual, com uma elite tacanha e atrasada e que ainda sofre os efeitos de ter sido uma colônia explorada pelo imperialismo do hemisfério norte, por grupos econômicos, e por banqueiros apátridas. Assim temos um estrutura social e politica cheia de falhas. Os cidadãos não precisam apenas de esforço próprio para melhorar de vida, precisam também lidar com suas origens étnicas, sociais, problemas familiares, e outros fatores externos que “atrasam” suas vidas de várias maneiras.

Um trabalhador, por mais que se esforce e cumpra todas suas funções, pode não ter o reconhecimento do seu patrão e ser demitido a qualquer momento. Esse mesmo trabalhador poderá passar a vida sem ter uma reposição salarial digna, e assim se faz necessária a intervenção do poder público para garantir um piso salarial digno, e também a representação sindical para que tenha um dissídio que lhe permita acompanhar a inflação.

Luciano Hang foi um empresário que cresceu com subsidio público. Em suas “palestras-show” (de horrores), discursa para trabalhadoras e trabalhadores afirmando que não existem barreiras para quem busca uma vida melhor, criando a ilusão que basta apenas baixar a cabeça e trabalhar que virão aumentos salariais do além. Sem o devido esclarecimento os funcionários da loja não percebem como o seu patrão age ideologicamente e luta ardilosamente pelos fim dos direitos trabalhistas, contrapondo-se a um projeto de nação que estabeleceria salário digno para todos.

No Brasil nem todos tem condições de comprar o barco, anzol e a vara, assim fica difícil ensinar a pescar, sem falar que muitos tiveram sua vara de pescar quebrada e seu barco virado, seja por algum colega trapaceiro, ou seja, por uma sociedade perversa estruturalmente que traz em sua bagagem uma estrutura social colonial e escravagista. Temos que lutar por uma vida melhor sem nos acomodar e esperar favores, mas é imprescindível termos consciência que é necessário mudar as engrenagens dessa máquina chamada Brasil, tendo a clareza de que nem todos partem do mesmo patamar que nós quando se trata da busca por um lugar ao sol.


Acadêmico de História e membro do Trabalhismo 21 

** Bacharel em Letras e Presidente do MSC Darcy Ribeiro Caxias do Sul 





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