A Rede Globo não informa, apenas promove seus interesses
A Rede Globo também produz fake news, mesmo que jure combatê-las. Em 2016, adotou a narrativa de que era necessário a PEC do "teto de gastos". Criou, com seus comentaristas esdrúxulos, a tara pela Operação Lava Jato e seu suposto combate à corrupção. Idolatrou a figura de Sérgio Moro. Hoje se percebe com mais clareza que a PEC do teto de gastos não permite investimentos em setores públicos essenciais, justo agora que os governos precisam lidar com a pandemia de coronavírus. A operação Lava Jato, e sua figura maior Sérgio Moro, se mostram grandes farsas. Onde está o pedido de desculpas públicas da Rede Globo por defender essas coisas? Como é possível, dentro da ordem democrática, uma emissora de televisão (e um conglomerado midiático) do porte da Rede Globo não reconhecer que as "informações" que trouxe sobre esses temas eram enviesadas e somente divulgavam seus interesses corporativos, jamais informaram a população de fato - tanto que o resultado das eleições de 2018 foi Jair Bolsonaro, um obscurantista autoritário, e não algum liberal ao estilo PSDB, do agrado da Globo e da família Marinho.
A divulgação de fake news por parte da Rede Globo vai além. Comentaristas em noticiários televisivos da emissora (Bom dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo) prontamente se colocaram a favor da "reforma trabalhista" de 2017 e da "reforma da previdência" de 2019. Para os comentaristas da Globo, essas reformas seriam necessárias para acabar com o desemprego e "acabar com os privilégios" de certos aposentados; bem como "equilibrar as contas do governo" (que contas? Nenhum governo capitalista existe se não tiver dívida. No capitalismo a dívida, tanto de empresas quanto de governos, é necessária!). Em pouco tempo a verdade veio a tona: a "reforma trabalhista" só fez aumentar o desemprego no país, que bate recordes toda vez que saem novas pesquisas. Sem estabilidade sem as leis trabalhistas, o trabalho está cada vez mais precário; fora a informalidade que sempre cresce. E a "reforma da previdência" não acabou com privilégios, ao contrário, os privilegiados (políticos, juízes, militares e certos burocratas) continuam com aposentadorias milionárias, enquanto os trabalhadores enfrentam dificuldades para se aposentar com o mínimo. Quem responsabiliza a Rede Globo por se colocar ao lado dessas reformas que só prejudicaram a população e que foram veiculadas pela emissora como se fossem a "solução dos problemas brasileiros"? Quem vai punir essas fake news divulgadas pela emissora?
Recentemente, o aumento do preço da gasolina faz, mais uma vez, a Globo se munir de "especialistas" para comentar o caso. Na edição de sexta, dia 19/02, o Jornal Nacional chegou ao absurdo de colocar que o problema é o "temor de interferência do governo" na gestão da Petrobras. Ou seja, para a Globo o problema não é o aumento da gasolina e sim a interferência do governo para tentar reduzir ou estabilizar os preços. Claro que na reportagem, somente "especialistas" defensores dessa ideia falaram; e onde está a isenção do jornalismo? Por que a Globo não da espaço a quem se opõe a essa ideia? Que liberdade de imprensa é essa que só mostra o lado que lhe convém?
Por que a Globo não admite que foi a favor da política de preço do petróleo de acordo com a cotação do dólar, posta em prática pelo governo golpista de Michel Temer (MDB) em 2016? Agora que os preços estão aumentado, por causa do aumento do dólar, a Globo esconde a verdade: que o problema é vincular o preço ao dólar: política que a própria Globo defende.
A luta pela liberdade de imprensa precisa ser acompanhada pela responsabilidade sobre informações falsas. Do mesmo modo que alguns bolsonaristas devem ser culpados por produzir e disseminar fake news, a Rede Globo e o oligopólio midiático brasileiro precisam ser punidos quando confundem informações com a simples divulgação de seus interesses corporativos. A Rede Globo precisa ser punida pela divulgação que as "reformas" trabalhista e previdenciária melhorariam a economia brasileira. Precisa ser punida pela divulgação de notícias enviesadas, que só prestam para criar a narrativa dos seus interesses enquanto empresa, e não na informação da população.
No excelente documentário "Muito além do Cidadão Kane" (1993), dirigido pelo inglês Simon Hartog, o líder trabalhista Leonel Brizola se referia a Roberto Marinho, dono da emissora Globo, como uma espécie de "Stalin" das comunicações brasileira, aqueles que não concordam com Roberto Marinho seriam mandados para a "Sibéria do esquecimento". Hoje, em 2021, Brizola se mostra correto na analogia. A Rede Globo incorporou perfeitamente a postura de seu falecido dono e segue mandando para o esquecimento as opiniões contrárias a seus interesses.
Comentários
Postar um comentário