Bolsonarismo é um Braço do Antipetismo

 

Ivonei Lorenzi(Potter)* 

Nei Rech**


O Antipetismo é um movimento de negação ao Partido dos Trabalhadores que o observa como um grande inimigo a ser combatido. Ele existe desde o nascimento do partido por setores da elite brasileira que veem no PT um inimigo em potencial que pode atingir a manutenção de suas regalias e as dos demais setores da classe media conservadora urbana.

Com o estouro do escândalo do mensalão e a união de Lula com setores do mercado e aos velhos caciques políticos corruptos, muitos brasileiros se decepcionaram com partido e assim também viraram antipetistas. A arrogância de uma parcela da militância também ajudou nessa guinada cooptando muitos eleitores, simpatizantes e até aliados do campo progressista para o antipetismo.

Por quase 20 anos o adversário principal do PT, e assim à linha de frente do antipetismo, foi o PSDB que rivalizou com o partido nas eleições presidenciais de 1994 a 2014 e no estado de São Paulo onde o PT nunca venceu o governo, mas ganhou 3 vezes na capital e nas prefeituras do Cinturão Vermelho*.

Com os tucanos envolvidos em sucessivos escândalos de corrupção (tendo seu próprio “mensalão”), e o caráter elitista das suas principais lideranças, os antipetistas viram em Jair Bolsonaro um adversário altura para combater o PT, pois representava os valores da sociedade brasileira supostamente desvirtuadas pelo petismo, associado ao fato de Bolsonaro ser a liderança carismática que Serra, Alckmin e Aécio não conseguiram ser.

O bolsonarismo não é um movimento instituído, organizado e orgânico. Nas eleições municipais de 2018 os candidatos ligados ao bolsonarismo não tiveram grande êxito e não venceram em uma capital sequer, mas o voto antipetista e contra a esquerda foi novamente um peso significativo na balança, principalmente no segundo turno em cidades importantes como Caxias do Sul, Porto Alegre e São Paulo.

Bolsonaro não entrou na politica para ser um líder como Lula, Brizola e Getúlio Vargas cuja influência permaneceu após sua morte e até os dias de hoje quase 100 da Revolução de 1930. Bolsonaro representa apenas um golpe cujo objetivo é garantir as pautas corporativistas dos militares e benesses à classe dominante.

A conjuntura e o sistema precisam de um líder carismático novamente, e indubitavelmente não é a ambição de filhos criminosos como Flávio e Carlos Bolsonaro que devem pautar e incentivar o pai a concorrer à presidência.

O Bolsonarismo também não tem uma doutrina bem definida, aliás nem segue doutrina, apenas se pauta pelos interesses de uma elite espúria e exploradora. Bolsonaro se envolve frequentemente em contradições, tanto nos discursos como na sua prática, migrando de um pensamento próximo de um nacional estatismo na economia para um pensamento oportunista liberal.

Bolsonaro, por seguir o mesmo perfil de Jânio Quadros e Collor pode ser esquecido no futuro, como esses dois políticos que de salvadores da pátria viraram ex-presidentes caricatos e reconhecidos politicamente como sinônimo de corrupção.

Muitos dos que se definem bolsonaristas são oportunistas tentando criar uma carreira política na onda reacionária, ou notórios antipetistas como o jornalista Augusto Nunes que usa desse pseudo-ideal, como um cavalo de batalha nas suas guerras particulares com o PT.

Curiosamente Bolsonaro e os seus se utilizam do discurso antipetista, mas em suas ações destroem e agridem ferozmente as políticas trabalhistas e as obras de Vargas e Jango.

O Brasil precisa de novas forças politicas, do trabalhismo popular ao conservadorismo liberal que entende nossa nação, para nos livrarmos dessa disputa binária e reacionária que pode nos levar à ruína.



* Acadêmico de História. Trabalhismo 21 - Caxias do Sul.

** Movimento de Cultura Darcy Ribeiro - Caxias do Sul




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