"Tripé macroeconômico brasileiro": informalidade, uberização e instabilidade

INFORMALIDADE: A informalidade sempre foi uma realidade na sociedade brasileira. Porém, nos últimos anos ela só cresceu. Milhões de brasileiras e brasileiros vivem dos "bicos". No mar de informalidade, os poucos que ainda têm direitos trabalhistas são considerados "privilegiados" - e é um grave erro para a setores da classe trabalhadora confundir direitos com privilégios: bons salários, estabilidade, aposentadorias não são privilégios para trabalhadoras e trabalhadores, são o mínimo para se viver com dignidade. O desemprego, serve para colocar os salários em níveis baixíssimos, no "mercado formal de trabalho". Segundo pesquisas, a informalidade chega a mais de 41% trabalhadores no Brasil¹! 

UBERIZAÇÃO: As leis sociais do trabalho (CLT) nunca foram completamente cumpridas. Ao longo de quase 80 anos de existência, muitas leis trabalhistas foram anuladas, modificadas e distorcidas por vários governos, da ditadura civil-militar, entre 1964-1985, até o período neoliberal, de 1989 em diante. Em 2017 foi o golpe que chamaram de "reforma trabalhista", tirando ainda mais direitos e criando mais desemprego e informalidade. Nesse cenário onde o trabalhador não tem direitos, a precarização do trabalho é uma regra e não a exceção. Milhões de trabalhadores brasileiros precisam ganhar dinheiro através de trabalhos precarizados, principalmente aqueles oferecidos pelos aplicativos de serviço (transporte, comida, entregas em geral). Esses trabalhadores "uberizados" muitas vezes não se identificam com a classe trabalhadora, sendo um enorme desafio a mobilização e atuação política deles em torno de leis trabalhistas - mas não impossível, como mostrou alguns protestos de entregadores de aplicativos recentemente.

INSTABILIDADE: A estabilidade é o princípio para qualquer sistema econômico. Se uma pessoa não sabe quanto vai receber, e por quanto tempo receberá, como vai conseguir organizar sua vida? Suas contas? Sua família? A instabilidade só serve para os bancos cobrarem juros altíssimos de brasileiras e brasileiros que, com salários baixíssimos, precisam fazer muitas prestações em lojas para adquirirem produtos básicos como alimentos, roupas e eletrodomésticos. Nesse cenário de instabilidade, a mídia suja inventou a "glamourização do empreendedorismo". Confundem as pessoas desempregadas, com poucos recursos, com empreendedores. Como se fosse uma escolha a pessoa vender alguns tipos de alimentos (bolos, marmitas etc.) e prestar alguns serviços (como salões de beleza, barbearias etc). As pessoas vendem esses serviços porque é seu meio de vida! Não é uma escolha de gente que tem "capital de giro" disponível para empreender e viver confortavelmente. Ao contrário, se a pessoa não vende não come, não paga suas contas! É asquerosa a forma como a mídia e alguns influenciadores youtubers "economistas" tratam essa questão do empreendedorismo.

Apesar de muitos economistas dizerem que o "tripé macroeconômico brasileiro" ser "câmbio flutuante", "metas de inflação" e "superávit primário", a realidade brasileira é muito distante desse "cânone" econômico. 

O Brasil só vai crescer quando romper com esses "tripés macroeconômicos" neoliberais. O Brasil precisa é de um Estado de bem-estar social, no qual haja amplos direitos trabalhistas, estabilidade e um Estado que dê suporte a pequenos e médios empresários e serviços públicos de qualidade.







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