UM TALIBÃ MAIS MODERADO?
Ivonei (Potter) Lorenzi*
O retorno ao poder no Afeganistão, gerou um grande temor que o Talibã estaria por instaurar um retrocesso nas pautas de gênero interferindo na vida cotidiana das mulheres afegãs. Observa-se então o primeiro erro de análise, pois as pautas de gênero que conhecemos no ocidente estão longe da realidade de uma nação forjada pela guerra como o Afeganistão.
No lado ocidental, costuma-se analisar a geopolítica pela lente de contato liberal, esquecendo que os ideais iluministas europeus ainda não chegaram a regiões do mundo como o Oriente. Frequentemente se esquece de que o Afeganistão ainda é uma nação de criadores de cabra que há séculos vem lutando pela sua emancipação.
Outro erro que se comete é esquecer-se de analisar que o Talibã é antes de tudo um movimento político. O governo afegão, gerido pelos talibãs, reconhece que deve rever algumas de suas posições em certas áreas para sair do bueiro e marginalização geopolítica, e assim poder comercializar com outras nações bem como ser aceito no Team da China.
O Afeganistão precisa de um aliado estratégico para sair do submundo da geopolítica, e para conseguir um apoio formal de um grande aliado como os chineses, precisa inicialmente de uma atualização no tocante às questões de ordem cultural.
* Acadêmico de História. Trabalhismo 21 - Caxias do Sul.
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