Cadê o Contra-ataque da Esquerda à Privatização da Eletrobras?
Ivonei (Potter) Lorenzi*
O debate político no Brasil caiu muito nos últimos anos e a qualidade da esquerda e demais ideologias do campo popular também. Se por um lado, a direita bolsonarista conseguiu trazer para a discussão debates como negacionismo das vacinas e questionamentos sobre a urna eletrônica (a mesma que há anos veem elegendo o Bolsonaro), por outro lado, a esquerda abriu mão de pautas importantes como a manutenção do segmento energético em poder do estado brasileiro.
Com exceção de alguns apoiadores do Ciro Gomes, e do segmento trabalhista, pouco se viu sobre manifestações contra mais um crime de lesa-pátria: a privatização da Eletrobras. Um país periférico, incompleto e sem sua soberania nacional estabelecida, não pode deixar a energia nas mãos da iniciativa privada, já que constitui um bem comum, seja para o pequeno consumidor como para as grandes indústrias. Por que alguém haveria de lucrar sobre algo que constitui um bem comum? No mesmo instante a marcha pela legalização da maconha reuniu mais de 70 mil pessoas em São Paulo.
Sabemos dos benefícios do uso medicinal da maconha, e sabemos como a guerra contra as drogas mata trabalhadores da segurança pública e jovens da periferia ao mesmo tempo. Essa mesma indústria enriquece muita gente que está no comando do tráfico e que atende desde as casas legislativas como as famílias abastadas do Leblon. Nem por isso as pautas nacionais, como é o caso da energia, podem ser simplesmente esquecidas ou ignoradas.
Sem soberania, pleno emprego e desenvolvimento, o crime organizado seguirá recrutando soldados e o Estado brasileiro continuará agindo como um Estado fascista que extermina seus jovens da periferia e deixa agente público de segurança à sua própria sorte. Enquanto isso a privatização da Eletrobras, que constitui um flagrante ataque ao nosso desenvolvimento, contribui de forma determinante para o empobrecimento de toda a sociedade brasileira.
* Historiador. Trabalhismo 21 - Caxias do Sul.
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