UM BRASIL SEM DIVISÕES REGIONAIS
Ivonei (Potter) Lorenzi*
Com a divulgação dos resultados eleitorais de 2022 as redes sociais foram tomadas por discursos de ódio e divisionismo. Mais uma vez os nordestinos foram acusados de serem vadios que se venderam para o PT e os sulistas de serem fascistas que odeiam pobres.
Análises superficiais que beiram aos mais antidemocráticos pensamentos voltaram ao debate, se podemos chamar isso de debate, invadindo os meios virtuais, após o lamentável caso de trabalho escravo em Bento Gonçalves e as declarações criminosas do vereador da direita populista, Sandro Fantinel.
A primeira falha nessas análises acéfalas e superficiais é que tanto o baiano que votou no Lula, quanto o gaúcho da Serra que votou no Bolsonaro, são conservadores nos costumes. Outro ponto é que as recentes críticas ao reajuste do salário mínimo, de apenas 18 reais, mostram como o brasileiro segue estatista na economia, mesmo que o ideal terraplanista do neoliberalismo esteja em alta.
Se Bolsonaro se afastasse dos Chicago Boys e dos novos cruzadistas, e buscasse uma guinada ao centro, mantendo o discurso moralista, certamente faria mais votos no nordeste e não perderia tantos votos da classe media urbana do sudeste.
É pertinente lembrar também que as eleições de 2022, foi antes de tudo, um duelo de titãs personalistas e voto "do contra".
A Serra Gaúcha pode voltar a ter prefeituras de partidos da esquerda, como o nordeste voltar a ser um curral da direita coronelista. Afinal, apenas 15%, no máximo, dos brasileiros, tem uma ideologia política bem definida, assim como a maioria dos brasileiros, independentemente do candidato que escolham para votar, tem uma ideologia conservadora nos costumes.
* Historiador. Trabalhismo 21 - Caxias do Sul.
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