* Fábio Melo A Constituição de 1988 foi um marco importante na garantia de direitos, serviços públicos e na participação democrática - visto que o país estava se livrando lentamente dos escombros do autoritarismo da ditadura que se seguiu após o golpe antitrabalhista de 1964. Porém, passados quase 40 anos de sua publicação, a Constituição foi deformada, alterada e muito de seu conteúdo ainda não foi posto em prática. Nos últimos 30 anos, principalmente, serviços públicos foram privatizados e são constantemente sucateados; os direitos do trabalho esvaziados e a previdência destruída. Tudo isso faz parte de um já conhecido plano das elites, dos ricos: transformar o Estado brasileiro em seu banco particular - usar os recursos públicos para bancar "os riscos" de uma centena de capitalistas, garantir seus lucros em detrimento do fim de direitos sociais da maioria da população brasileira. Sem direitos do trabalho, sem previdência, sem serviços públicos de saúde, educação e transpo...
Fábio Melo* Após as eleições municipais, é comum as análises sobre acertos e erros, principalmente em grupos de esquerda. O fracasso das esquerdas não tem apenas um fator. Existem múltiplos determinantes. Entre eles está a falta de "ocupação de espaço" na vida real. Por exemplo, onde estão as associações de bairros e lideranças comunitárias ligadas a projetos de esquerda? Se existem, são poucas. Onde estão os conselheiros tutelares ligados à esquerda? Também são minorias. Enquanto a direita e extrema-direita construíram bases sociais que vão de igrejas neopentecostais até clube de motociclistas, grupos de esquerda parecem que ainda focam seus esforços em entidades como centros acadêmicos e sindicatos - que sim, são importantes, porém já não tem mais a mesma força de atuação que tinham há 30 anos atrás. Os centros acadêmicos, por exemplo, são muito restritos aos muros das faculdades e universidades, enquanto que os sindicatos estão completamente enfraquecidos, principalmente...
* Fábio Melo Recentemente, o Governo Federal laçou um programa de incentivo para estudantes de licenciatura (chamado Pé de Meia Licenciaturas). No Rio Grande do Sul e em Porto Alegre, os governos já se mostram inclinados a seguir pelo mesmo caminho. Essas iniciativas têm como objetivo reverter a crescente falta de professores nas redes públicas de educação básica, que nos próximos anos pode se tornar um "apagão" - ou seja, não terá professores para atender as demandas. Não me oponho à bolsas de incentivo para alunos de cursos de licenciaturas. Ocorre que, se os governos se preocuparem apenas com isso, esse tal "apagão na educação" vai seguir como uma perspectiva terrível e bem realista. Afinal, um jovem que acabou de se formar em licenciatura e vai para uma sala de aula, onde se depara com os desafios reais da educação básica, provavelmente não vai querer seguir na carreira! E isso já ocorre com frequência. Começando pelos salários. O piso (que em 2025 é de R$ 4...
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