GUERRA HÍBRIDA: Entendendo o Conceito e suas Implicações
Nelson Aspesi*
A guerra híbrida é um conceito que tem ganhado destaque no âmbito da geopolítica contemporânea. Trata-se de uma forma de conflito que combina métodos convencionais e não convencionais, explorando a zona cinzenta entre a paz e a guerra declarada. Análises de especialistas como Leonid Savin e Antulio Echevarria ajudam a compreender as nuances desse fenômeno e suas implicações globais. Este artigo examina o que é a guerra híbrida, como ela difere do conceito de zona cinzenta, e como se relaciona com operações convencionais e especiais.
A guerra híbrida envolve o uso coordenado de diversas táticas, como ações militares, ciberataques, propaganda, sanções econômicas e influência política. Leonid Savin descreve a guerra híbrida como uma evolução dos conflitos modernos, onde as fronteiras entre a guerra e a paz se tornam cada vez mais indefinidas. Essa abordagem permite que os Estados explorem vulnerabilidades internas de seus adversários sem recorrer a uma declaração formal de guerra.
Por sua vez, Antulio Echevarria destaca que, embora a guerra híbrida seja frequentemente vista como um conceito recente, suas práticas já existem há séculos. O que mudou, segundo ele, é a capacidade de integrar diferentes formas de operações em uma estratégia coesa, aproveitando avanços tecnológicos e a interconexão global.
É comum confundir os termos “guerra híbrida” e “zona cinzenta”, mas eles não são sinônimos. A zona cinzenta refere-se àquele espaço nebuloso entre a paz e o conflito aberto, onde as ações não chegam a ser consideradas guerra convencional. Exemplos incluem sanções econômicas, manipulações de opinião pública e pressões diplomáticas. A guerra híbrida, por outro lado, utiliza a zona cinzenta como parte de uma estratégia maior.
Savin ressalta que a guerra híbrida não é apenas sobre atuar no limiar da guerra, mas também sobre combinar múltiplas formas de pressão — militar, econômica e psicológica — de maneira integrada.
Para entender como a guerra híbrida se manifesta, é importante distinguir entre operações convencionais e especiais:
- Operações Convencionais: São aquelas realizadas por exércitos regulares, com confrontos diretos e declarados no campo de batalha. Essas operações seguem as normas tradicionais de conflito armado.
- Operações Especiais: São conduzidas por forças de elite, geralmente com objetivos específicos e de alto impacto. Incluem sabotagem, resgates e missões de infiltração sigilosas.
A guerra híbrida integra esses dois tipos de operações com elementos não militares, como ataques cibernéticos e campanhas de desinformação. Antulio Echevarria aponta que a guerra híbrida adapta as operações convencionais e especiais a um cenário mais complexo, onde as “batalhas” ocorrem tanto no campo físico quanto no digital e no simbólico.
A guerra híbrida já é uma realidade em várias partes do mundo. Campanhas de desinformação, intervenções cibernéticas e pressões econômicas têm sido usadas para enfraquecer governos, manipular opiniões e atingir objetivos estratégicos. Savin enfatiza que a polarização global e a interdependência tecnológica tornam as sociedades mais vulneráveis a essas estratégias. Por outro lado, Echevarria destaca a importância de construir resiliência social, política e econômica para mitigar os impactos da guerra híbrida.
* Nelson Aspesi é membro do Núcleo Trabalhismo 21 de Porto Alegre e do Movimento Trabalhismo 21 RS.
Comentários
Postar um comentário