O Golpe na Bolívia: luta de classes (identitária), geopolítica do lítio e imperialismo
Cristiano Castro Araujo* 10 de novembro de 2019, ainda que com ressalvas de setores minoritários da grande mídia, há um consenso de que a renúncia de Evo Morales se tratou de um golpe de Estado. Para compreender as origens dele, precisa-se analisá-lo para além das dinâmicas internas – luta de classes e identitária – e verificar os fatores externos – imperialismo e a geopolítica do lítio. Quando Evo ascendeu ao poder em 2006, ele buscava uma nova relação entre o seu país e os recursos, por isso ele promoveu a nacionalização dos hidrocarbonetos – antes nas mãos das transnacionais – para que a riqueza produzida fosse desfrutada por todos os bolivianos e a reforma agrária – antes nas mãos dos barões do Oriente (Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija) – a fim de assegurar a segurança alimentar e a função econômica e social da propriedade. O crescimento médio de 5% ao ano em uma década, a estabilidade política e as reformas – ainda que dentro das suas contradições dada a correlação de forças –